O nosso século, caracteriza~se por uma explosão de conhecimento em quase todas as áreas do saber e por um envelhecimento precoce, de muitas informações. Este antagonismo, a nível do conhecimento e das informações, só pode ser entendido numa sociedade dedicada à mudança e à evolução, na qual a comunicação, se revela como um meio por excelência de eficácia, tendo de adaptar-se aos novos desafios.
A comunicação é um processo complexo, envolvendo a interacção de múltiplas variáveis e a troca dinâmica de significados lógicos e sócio- afectivos, numa relação de causalidade recíproca.
Comunicação é a transmissão e recepção de informação (perspectiva mecanicista), o modo pelo qual se descodificam significados a partir da informação recebida (perspectiva Psicológica) é comportamento instrumental ou algo que emerge da interacção social (perspectiva Interaccionista).
É um comportamento Intencional, visa partilhar uma finalidade. Exprime-se na forma de mensagens (verbais e não verbais), transmitidas entre um emissor e um receptor, levando este último a modificar o seu comportamento em resposta. Implica a produção e interpretação de significados por dois ou mais intervenientes, que de certa forma constroem e põem em comum um entendimento recíproco.
As Funções/Objectivos da Comunicação são:
Controlo ou Produção: Está associada aos conteúdos do grupo ou da organização, à execução de tarefas para alcançar os objectivos. Envolve a comunicação pelos circuitos formais e pelos circuitos informais. Pretende-se o controlo sobre os comportamentos.
Motivação e Expressão Emocional ou Manutenção: Compreende os aspectos da socialização, do estabelecimento e manutenção das relações interpessoais no grupo ou organização. É a comunicação que visa influenciar e motivar o outro para a cooperação e desempenho e que permite a expressão de emoções e sentimentos.
Informação ou Inovação: Está associada a processos de mudança e adaptação. A comunicação visa essencialmente fornecer informação necessária a essa adaptação, que envolve decisões e mudança.
Redundância e Entropia.
Redundância é aquilo que numa mensagem é previsível ou convencional e Entropia é o que não é previsível ou tem uma previsibilidade reduzida.
As funções da Redundância são:
-Ajuda Técnica aos problemas práticos da comunicação: Facilita a exactidão da descodificação; Ajuda a superar as deficiências do ruído do canal. Ajuda a superar os problemas do canal; Ajuda a superar os problemas de uma mensagem entrópica; Ajuda a resolver problemas associados à audiência.
-É um modo de manter as relações sociais ou até de afirmar a pertença a determinados grupos: Neste caso fala-se de comunicação fática.
Quase todos os aspectos da nossa vida social que são convencionais ou regidos por regras que são aceites por todos os membros de uma comunidade que usa esse código.
A comunicação é feita através de códigos. Estes são um conjunto de regras e sinais que permitem transformar o pensamento em informação capaz de ser entendida na sua globalidade pelo receptor. O emissor utiliza o código para construir a mensagem, o receptor descodifica e interpreta e volta a codificar no caso de haver feed back.
Os códigos não são apenas sistemas para organizar e compreender dados, eles desempenham funções comunicativas e sociais. Uma forma de categorizarmos essas funções é distinguir entre códigos representativos e códigos apresentativos.
Os códigos representativos são usados para produzir textos. Um texto é composto por signos icónicos ou simbólicos.
Os códigos apresentativos são indiciais, não podem referir-se a algo independente deles mesmos e do seu codificador. Indicam aspectos do comunicador e da sua situação social actual. A comunicação não verbal realiza-se através de códigos apresentativos como os gestos, o movimento dos olhos ou os tons de voz. Estes códigos apenas podem transmitir mensagens ácerca do aqui e agora.
O Educador socioprofissional no exercício das suaas funções utiliza a Comunicação como um instrumento e como uma arte, para captar no momento indicado, no decurso de intercambios aparentemente dispersos, a mensagem formulada a fim de confirmar que foi compreendida. A Arte de um educador reside em saber captar no momento indicado, no decurso de intercâmbios, aparentemente dispersos, amensagem formulada a fim de confirmar que foi compreendida; é também saber pronunciar a palavra ou a frase cujo conteúdo é tanto libertador, como evocador de uma nova ideia. Isto é desenvolvido muito rapidamente sem a protecção do gabinete, sem o distanciamento criado pela entrevista a uma dada hora, sem o silêncio favorecido pela relação individual, mas, num burburinho de uma conversa de grupo ou na confusão de uma actividade pontuada pelas perguntas oriundas de todos os lados. Existem seguramente momentos mais adequados a uma verdadeira conversa: As realizações feitas por mais do que uma pessoa, as refeições, as fases de transição, os passeios, as alturas de ir para a cama no caso do internato, os momentosa de crise em que o apelo à ajuda se torna mais explícito. Mas é no “envolvimento da palavra e do gesto” que toda a intervênção do quotodiano pode ter valor estruturante. Falar com o outro pressupõe: A autenticidade do discurso empregado; Interrogar-se incessantemente sobre o que pode ele compreender e exprimir; Outros (alguns deficientes mentais e autistas) têm á sua disposição apenas modalidades de integração auditiva unidireccional, a mensagem deve ser curta, articulada, proferida aquando de uma fase de atenção e com olhar dirigido, exigindo tempo de latência; Outros jovens (pré-psicóticos ou psicóticos) dão à palavra tanto um valor concreto, em que a simbolização está ausente, como uma sobrecarga projectiva que se torna ameaçadora; Outros indivíduos ( uma boa parte dos que são agrupados sob os termos vagos de distúrbios precoces, graves e limitadores de desenvolvimento) as palavras não podem ser compreendidas no seu significado e depois interiorizadas a não ser se sejam acompanhadas de gestos e imagens que ilustrem o seu significado.
Estas dificuldades de recepção são muitas vezes difíceis de reconhecer por os indivíduos adquirirem o hábito de reagir a alguns fragmentos de um discurso ou de fazer como se tivessem compreendido, instala-se um universo de Babel. São encontradas as mesmas dificuldaes na linguagem expressiva: algumas expressões de frases puramente memorizadas deslizam habilmente na conversação dando a impressão de um verdadeiro intercâmbio quando se trata afinal de uma simples colagem de palavras.
A Comunicação é fundamental na Educação Socioprofissional: No acompanhamento verbal no decurso da vida educativa quotodiana; No diálogo educativo centrado na realidade partilhada; Nos diálogos no terreno; Nos diálogos psicoterápicos com carácter psicodinâmico; Nos diálogos educativos com as famílias e nos diálogos de grupo. Para isso o educador socioprofissional, tem de ter capacidades para manejar a linguagem, evocar, reunir, transmitir com sagacidade o que sente, sintetizar, tem ainda de possuir um poder muito grande sobre si próprio e sobre os outros.
BIBLIOGRAFIA:
- Da Educação à Intervenção Social
2º volume
Maurice Capul. Michel Lemay, Colecção Educação e Trabalho Social, Porto Editora
- Introdução ao Estudo da Comunicação
John Fiske
Tradução: Maria Gabriela Rocha Alves